Rodrigo Balduino, Liana David, e Carolina Balduino abriram o Clandestino Café e Música em agosto de 2014, mas o plano do negócio já estava na ativa há anos. Liana e Carolina eram sócias em um restaurante na capital, mas já haviam começado a fazer cursos sobre café no Coffee Lab, em São Paulo, com a intenção de futuramente abrir um café. Rodrigo, irmão de Carolina, estava morando em Barcelona na época, e lá já tinha em mente fazer um evento de música recorrente e clandestino. Quando Rodrigo se mudou de volta ao Brasil, os três perceberam que podiam unir seus planos – daí nasceu a ideia do Clandestino Café e Música. A inspiração do nome do café, e do sentimento por trás do negócio, veio do conto de Clarice Lispector “Felicidade Clandestina”. O estilo lembra os distantes cafés nordicos: design limpo, sóbrio e ao mesmo tempo elegante. O trio optou por colocar a bancada do café contra uma das paredes, de maneira que todos os clientes que entram tenham acesso a ela. Liana e Rodrigo contam que quando eles abriram, Brasilienses ainda não eram muito próximos do conceito de café especial, e o balcão aberto foi uma maneira de aproximá-los desse mundo. A localização do café é perfeita – na Asa Norte, ao lado do tranquilo Parque Olhos D’Água. A vegetação típica do Cerrado é preservada no parque, e ainda se encontram árvores da época que o parque era cultivado, como bananeiras, mangueiras e figueiras. Liana e Rodrigo ressaltam que a 413 Norte (o quarteirão onde o Clandestino se encontra) está se tornando um polo gastrônomico informal, com muitas opções pra comer ao redor. Muitos dos clientes param no Clandestino para um espresso depois de ter almoçado em algum desses lugares. Estudantes da UnB também são assíduos – o campus fica a minutos dali. A música tem papel central no Clandestino – Rodrigo faz a curadoria da playlist do local, e produz vários eventos musicais, semanais e mensais, no café. Liana e Rodrigo contam que nos finais de semana eles têm picos de movimento, e é também o período onde acontecem os eventos de música ao vivo. Carolina traz sua experiência culinária ao menu do Clandestino, que tem opções salgadas e doces, sempre sasonais – de acordo com a disponibilidade de ingredientes da época. Um dos itens mais pedidos é a tapioca com queijo coalho e melaço de cana. Tapioca vai muito bem um café filtrado, uma boa opção para um café da manhã farto e sem gluten. Uma opção mais doce, que também sai muito, é o Nougat Glacé, um doce francês feito de frutas secas que vem servido com um pequenino shot de espresso ao lado. O Clandestino trabalha com várias torrefações. Quando eu visitei, havia café da 4 Beans Coffee Company, Isso é Café, e do Pereira Villela disponíveis como filtrado (Hario V60), AeroPress e prensa francesa. Todas estas opções são preparadas na mesa pelo barista, na frente do cliente. O espresso, que vem em um xícara sobre uma bonita peça de ardósia, varia de acordo com o torrefador do momento. Os baristas são bem treinados e podem chegar a treinar até por 4 meses antes de tocar na La Marzocco FB80. Para os coffee geeks, o Clandestino também tem à venda diversos equipamentos para café, e Liana e Rodrigo sempre estão disponíveis pra conversar com os clientes sobre como fazer café em casa. Eles me contaram, felizes, que a demanda por café em grãos cresce a cada dia, e alguns clientes até ligam e pedem pra reservar quando o café preferido deles chega na loja. Os sócios acreditam que em breve o público de Brasília vai ficar ainda mais especializado em café, como o de Curitiba, por exemplo. Eles reconhecem a importância de outros cafés abrindo na capital, e dizem que todos são parte de uma rede amiga – muitas vezes, quando um deles fica sem café, liga pra outro deles pedindo pacotes de grãos “emprestados”. A prática é corriqueira e sempre dá certo entre eles. O Clandestino é o lugar para se ter uma trégua dos ares políticos de Brasília, e tomar um espresso olhando pro parque – tudo isso ao som de boa música.
Juliana Ganan trabalha com cafés especiais e escreve sobre café. Leia mais artigos de Juliana Ganan na Sprudge.
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